segunda-feira, 2 de julho de 2007

A História da Educação no Brasil

Fonte: Wikipédia

A História da Educação no Brasil é o estudo da evolução da Educação, do ensino, da instrução e das práticas pedagógicas no Brasil. Evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. De início, a História da educação brasileira é indissociável da Companhia de Jesus. As negociações de Dom João III, O Piedoso, junto a esta ordem missionária católica pode ser considerado um marco. A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial, quando começam as primeiras relações entre Estado e Educação.
Choque culturais
A primeira grande ruptura travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo. Os portugueses rouxeram ao Brasil um padrão de educação próprio da Europa. Mas, o Brasil possuía características próprias de se fazer educação. A educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha as "marcas repressivas" do modelo educacional europeu. A educação no Brasil não teve o mesmo incentivo que nas demais colônias européias na América, como as espanholas. Enquanto na América Hispânica foram fundadas diversas universidades desde 1538 (Universidade de Santo Domingo) e 1551 (Universidade do México, Universidade de Lima), a primeira universidade brasileira só surgiu em 1912 (Universidade Federal do Paraná.
Período Jesuítico (1549-1759)
A educação indígena foi interrompida com a chegada dos jesuítas, em março de 1549 .Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador. Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Não conseguiram converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever em 1570, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Por Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Os jesuítas trouxeram somente a moral os costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos.
Período Pombalino (1760-1808)
1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal. Na época os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários.A educação brasileira vivenciou uma ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional.Os professores geralmente não tinham preparação para a função, que já eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam ¨proprietários ¨ vitalícios de suas aulas régias. No princípio do século XIX, a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada .
Período Joanino (1808-1821)
A mudança da Família Real, em 1808, permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. D.João VI abriu Academias Militares, Escolas de Diretor e Medicina, a biblioteca Real, o Jardim Botânico a Impresa Régia. O surgimento da Imprensa permitiu que os fatos e as idéias fossem divulgados e discutidos no meio da população letrada preparando terreno propício para as questões políticas que permearam o período seguinte da História do Brasil.
Período Imperial (1822-1889)
Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrução:Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas Em 1834, o Ato Adicional á constituição dispõe que as províncias passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Em 1835, surgi a primeira Escola Normal do país, em Niterói (Escola Normal de Niterói). Em 1837, na cidade do Rio de Janeiro, é criado o colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário Por todo império, incluindo D.Pedro I e D.Pedro II, pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim.
República Velha (1889-1929)
A república adotou o modelo político estadunidense baseado no sistema presidencialista. Percebe-se influência da filosofia positiva. A reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na constituição brasileira. Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava os princípios pedagógicos de Comte. Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores da época. Em 1934, a nova constituição(a segunda da República) dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos.
Estado Novo(1937-1945)
Mercado tirando do Estado o dever da educação. As conquistas do movimento renovador, influenciando a constituição de 1934, foram enfraquecidas nessa nova constituição de 1937.Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são reformados alguns ramos do ensino.Estas reformas receberam o nome de Lei Orgânica do Ensino, são compostas por Decretos-Lei que cria Serviços Nacional de Aprendizagem Industrial- Senai e valoriza o insino profissionalizante.O ensino perdeu o caráter propedêutico,de preparatório para o ensino superior.
República Nova (1946-1963)
O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma Constituição de cunho liberal e democrático. Determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e fez voltar o preceito de que a educação é direito de todos. Ainda em 1946, o então Ministro Raul Leitão da Cunha regulamenta o Ensino Primário e o Ensino Normal, além de criar o serviço Nacional de aprendizagem Comercial -SENAC.
Regime Militar(1964-1985)
O Regime Militar espalhou na educação o caráter antidemocrático de sua proposta ideológica de governo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL, aproveitando-se em sua didática, do expurgado Método Paulo Freire. É o período mais cruel da ditadura militar. Instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante.
Nova República(1986-2003)
No fim do Regime Militar as questões educacionais já haviam perdidos o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mais a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é mais o de manter o “status quo”. A Historia da Educação Brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente observável. Ela é feita em marcantes, onde em cada período determinado teve características próprias. Na evolução da Historia da Educação brasileira a próxima ruptura precisaria implantar um modelo que fosse único, atende às necessidades de nossa população e que seja eficaz.

Considerações sobre a disseminação do conhecimento científico e tecnológico e sobre a formação para o trabalho nas sociedade emergente

Gilberto Lacerda Santos

O artigo faz a relação entre acesso a conhecimento científico e tecnológico e formação para o trabalho, contextualizado no início do século XXI. Tendo em vista que há sempre uma ideologia dominante, isto é uma superiodeologia que caracteriza cada momento da evolução da humanidade, nós estaríamos em pleno processo de criação e de desenvolvimento da superiodeologia necessária para explicar a realidade e para justificar a existência da sociedade tecnológica. Como esta superideologia organizar-se-á e ocupará espaço no inconsciente coletivo, além de outros questionamentos, são perguntas sem respostas. Muitos autores concluem que a revolução tecnológica é uma espécie de ponto de partida para uma nova sociedade, supostamente melhor e mais democrática, menos excludente e mais igualitária.
Para HOBSBAWN (1995), o século XX termina numa desordem global. Um dos indícios dessa desordem está no fato de que os novos e sucessivos avanços tecnológicos e científicos traduzem-se, em espaços de tempo cada vez menores, em artefatos e em procedimentos complexos, sem que haja um envolvimento efetivo por parte do usuário final. Para ele, um outro indício da desordem global manifesta-se na desproporção entre a disseminação da ciência e da tecnologia nos meios científicos e nas outras instâncias da sociedade.
Já TOURAINE (1995) diz que estamos vivendo tempos de surgimento de uma cultura caleidoscópica, baseada nas proezas técnicas rapidamente ultrapassadas, no fim da cultura, isto é, na globalização de todas as culturas. Microcosmos dessa sociedade já podem ser encontrados por toda parte: no lazer, nas comunicações, no trabalho na educação. A nova sociedade teria como base o fim do indivíduo enquanto ator cultural, enquanto portador de uma identidade cultural. Todos falarão a mesma linguagem. Nesse sentido, o sucesso econômico das nações passa necessariamente pelo progresso científico e tecnológico, idéia com relação à qual também convergem analistas marxistas.Alguns afirmam que há possibilidades concretas de melhoria geral da qualidade de vida da espécie humana pelo acesso a um arsenal de recursos científicos e tecnológicos com o poder de liberar-nos da rotina, do trabalho desumano, das doenças incuráveis, da massificação.
Mas, quaisquer que sejam as previsões com relação à emergência de uma sociedade pós-industrial, é inegável que, num futuro próximo, o exercício pleno da cidadania por meio do trabalho dependerá do acesso de todos a um conhecimento de base em Ciência e em Tecnologia. Nas duas ultimas décadas, sobretudo nos países anglo-saxãos e nos países do norte da Europa, a expressão ‘alfabetização científica e tecnológica’ (ACT) foi enfaticamente empregada, no sentido de indicar a importância de um conhecimento de base em ciência e em tecnologia como pré-requisito para o exercício pleno da cidadania na sociedade do século XXI, o que conduz imediatamente à questão do trabalho e da formação profissional e à relação estabelecida entre a ciência, a tecnologia e o trabalho (CTT).

No final do século XIX, tanto a classe trabalhadora quanto a classe patronal estimaram que era importante que a população como um todo tivesse acesso ao letramento, soubesse ler e escrever. Conforme esclarece FOUREZ (1994), o patronato, apesar de uma certa reticência inicial, via na alfabetização generalizada uma estratégia importante para a obtenção de uma mão-de-obra mais adaptada às modificações tecnológicas daquele período, que hoje designamos como ‘a primeira revolução industrial’. Por sua vez, os trabalhadores percebiam na instrução um instrumento fundamental para sua emancipação. É nesta mesma perspectiva que, de acordo com FOUREZ (op. cit.), convém situar o movimento da alfabetização científica e tecnológica, na medida em que já é sabido que sem nenhuma familiaridade com o empreendimento científico e com o empreendimento tecnológico é inútil para o cidadão pretender assegurar-se um lugar no mercado de trabalho e na sociedade científica e tecnológica emergente.
A importância atribuída à alfabetização científica e tecnológica e à relação CTT nos países industrializados surge principalmente em resposta a uma crise generalizada no âmbito da formação científica em todos os níveis de ensino, sobretudo no ensino profissional (LACERDA SANTOS, 1997a; 2000). Tal crise é evidenciada, por exemplo, na ineficácia dos métodos de ensino de ciências, que via de regra perpetuam a idéia de que a prática científica é de natureza elitizada e fechada, desinteressando as novas gerações, esvaziando os cursos científicos de níveis técnico e universitário e comprometendo todo e qualquer projeto nacional de desenvolvimento científico e tecnológico a médio e a longo prazo.
No caso do Brasil, tal situação é bastante grave, vem sendo perpetuada por uma dinâmica que precisa ser rompida e, sem sombra de duvidas, compromete fortemente os propósitos nacionais de inserção do país na sociedade tecnológica emergente e no novo modo de produção. Oriundos de faculdades de educação, os pedagogos que atuam nas quatro primeiras séries do ensino fundamental têm como característica o fato de terem se distanciado, ao longo de toda sua formação escolar e universitária, das ciências ditas puras e exatas (Matemática, Física, Química, Biologia). Consequentemente, e como demonstra LACERDA SANTOS (2004), tais profissionais docentes abordam o ensino de ciências de modo inadequado, reproduzindo traumas, equívocos e representações herméticas que eles próprios detêm, o que pode contribuir para o desenvolvimento, em seus alunos, de uma certa repugnância pelas áreas científicas. No caso dos cursos de educação profissional a situação é ainda mais crítica.
é hoje inquestionável que um crescimento contínuo e a longo prazo só pode ser assegurado se investimentos importantes na produção científica e tecnológica forem conjugados com investimentos igualmente importantes na formação de cientistas e de tecnólogos e na melhoria da alfabetização científica e tecnológica da população como um todo (SOLTMAN, 1993). Nesta perspectiva, a alfabetização científico-tecnológica, assim como todo o movimento CTT, podem ser situados no conjunto dos movimentos que, desde o século XVIII, associam instrução a aumento de riquezas e de poder. O eixo social do movimento CTT encontra sua justificativa no fato de que é cada vez mais evidente que, desprovidos de uma cultura científica e tecnológica geral, os sistemas democráticos tornam-se bastante vulneráveis à tecnocracia.
O movimento CTT também se refere a uma dimensão humanista que tem por objetivo conduzir cada cidadão a inteirar-se da cultura científica e tecnológica produzida pela humanidade, a compreender sua dimensão histórica, epistemológica, estética, ética e cultural, bem como seus impactos sobre o exercício de atividades profissionais. É preciso vir à luz uma nova ordem mundial de acesso ao conhecimento, à ciência e à tecnologia, visando garantir um desenvolvimento harmonioso, eqüitativo e auto-sustentado entre os povos. Para tanto, sistemas escolares de todo o mundo, e especialmente dos países em desenvolvimento, tanto de formação geral quanto de formação profissional, precisam concretizar estratégias de ensino que contribuam efetivamente para o acesso à alfabetização científica e tecnológica.

Formação Profissional na Sociedade Tecnológica

Gilberto Lacerda Santos

O autor diz que a influência da inserção das novas tecnologias, na sociedade, vem sendo vista como o estatuto de novo paradigma fundamental, futuro regulador das interações sociais, culturais, éticas e profissionais numa nova sociedade em formação. Em outros termos, o avanço tecnológico e suas implicações sobre o modo de funcionamento do mercado de trabalho estariam conduzindo a sociedade a uma intensificação da exploração do trabalhador.
No âmbito do processo de formação profissional, a introdução de novas tecnologias se manifesta segundo duas vertentes distintas, que indicam e delimitam o que nós consideramos como sendo a espinha dorsal da discussão em torno da inter-relação entre formação, cidadania e sociedade tecnológica: o futuro do trabalho e a identificação do perfil do trabalhador em função da reestruturação do sistema produtivo.
Os mecanismos de formação para o trabalho refletem este momento de crise paradigmática e acentuam-se as discussões em torno da vocação da escola profissionalizante, de seu currículo e da própria finalidade dos programas de formação profissional. A idéia da emergência de um novo modo de produção do conhecimento não é recente. Nas últimas décadas, inúmeros autores têm apontado para os indícios do surgimento de uma dinâmica inovadora com relação ao desenvolvimento científico e tecnológico, alterando significativamente o sistema de produção e, consequentemente, demandando revisões constantes nos procedimentos de formação profissional.
É perfeitamente visível que conceitos como formação politécnica, formação plural, formação omnilateral, são amplamente discutidos na medida em que a sociedade tecnológica emergente acena com um intenso processo de transformação do trabalho qualificado. Tal transformação tenderia, retoricamente ou não, para uma formação mais horizontal, mais elevada e para um processo de qualificação a longo prazo, de formação continuada do trabalhador.
Este conjunto de habilidades e conhecimentos nos situa em um contexto igualmente mais amplo, no qual a formação profissional ultrapassa os limites e necessidades imediatas estabelecidas pelo mercado de trabalho para tornar-se também instrumento de acesso a um conhecimento igualmente amplo, irrestrito, cujas dimensões permitem ao indivíduo estar a par dos princípios básicos subjacentes ao funcionamento dos objetos e fenômenos que o cercam, para raciocinar em consonância com o desenvolvimento científico e tecnológico, podendo melhor exercer sua cidadania, compreender seu meio e nele interferir.
Tais questões nos permitem retornar ao tema central deste trabalho, centrado justamente na explicitação de pontos de vista de atores do sistema de formação profissional com relação a esta última. Para avançarmos nesta direção, nos dirigimos a um grupo de 12 alunos e 9 professores de escolas técnicas no Ceará e no Distrito Federal, que foram convidados a se pronunciar sobre as competências que eles consideram essenciais para delimitar o perfil do egresso de uma escola profissionalizante. Tal processo de coleta de dados, realizado em meados de 1996, foi apoiado pela Técnica do Grupo Nominal, abordagem qualitativa cujas características, desenvolvimento e resultados são apresentados a seguir.
Quando analisamos este conjunto de competências é a de que o aluno da escola profissional quer mais do que deter saberes específicos e coletivos relacionados com o funcionamento de objetos técnicos e tecnológicos. Ele quer também ter uma atitude crítica, perseverante, ética e responsável face à sua profissão e ao meio em que está inserido. Ele quer, e sabe o quanto é importante, ter em si desenvolvido o gosto pela leitura e pelos conhecimentos gerais, pela busca de novos conhecimentos e de outras perspectivas, diferentes das que lhe são apresentadas em sala de aula. Mais do que nunca, e a sociedade tecnológica assim o determina, ele tem que deter saberes que o possibilitem desenvolver uma relação mais individual com o próprio saber, tornando-se então mais criativo, empreendedor, detendo habilidades gerais para abordar, observar, analisar, compreender e resolver problemas. Quando alunos e professores reconhecem que é preciso e urgente formar para a polivalência, para a autonomia, para a multiplicidade, para a criatividade, para a liderança e para a maleabilidade, todos os olhares se fixam sobre estes últimos, mediadores de conhecimentos e diretamente responsáveis pela inserção sócio-profissional dos primeiros.
A questão-chave muda de rumo e de prumo e pergunta-se: Como formar o docente para veicular tais habilidades, tais conhecimentos, tais atitudes? Como favorecer sua própria alfabetização tecnológica e imbuí-lo dos valores e dos códigos emergentes para que a função docente possa responder adequadamente às demandas da sociedade contemporânea, tanto a nível micro quanto a nível macro, tanto a nível específico quanto a nível geral?
Quaisquer que sejam as respostas para tal questão, o fato é que a escola, profissional ou propedêutica, e consequentemente a função social do professor, precisam de uma imediata redefinição, incorrendo na pena de perder o ritmo dos dias, dos indivíduos, dos acontecimentos e da própria sociedade.

Educação e Cybercultura

Perre Lévy

LÉVY(1997) diz que pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão obsoletas no fim de sua carreira. Sobre a natureza do trabalho, afirma que o conhecimento não pára de crescer. E o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram funções cognitivas humanas. Essas tecnologias favorecem novas formas de acesso à informação.
O super-fluxo, o saber-transação de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente os dados do problema da educação e da formação. São necessárias, portanto, grandes reformas.
As ferramentas do ciberespaço permitem considerar sistemas de testes automatizados acessíveis a todo momento e redes de transação entre a oferta e a demanda de competência.

Articulação de uma multidão de pontos de vistas de Deus
A partir da pequena equipe do CERN, a World Wide Web propagou-se como pólvora entre os usuários da internet, tornando-se, em poucos anos, um dos principais eixos do ciberespaço. Cada elemento desse incircunscritível novelo é, ao mesmo tempo, um pacote de informação e um instrumento de navegação, uma parte do estoque e um ponto de vista original sobre o referido estoque.

O segundo dilúvio e a inacessibilidade do tudo
A Web e sua irresistível ascensão oferecem uma fantástica imagem da cheia sociedade contemporânea de informação. Há um dilúvio de informações. A partir do século XX, com a ampliação do mundo, com a progressiva descoberta de sua diversidade, com o crescimento cada vez mais rápido dos conhecimentos científicos e tecnológicos, o projeto de domínio do saber por um indivíduo ou pequeno grupo tornou-se cada vez mais ilusório. Para o autor, todos nós, instituições, comunidades, grupos humanos, indivíduos, necessitamos construir um significado, providenciar zonas de familiaridade, domesticar o caos ambiente. Por outro lado, essas zonas apropriadas de significado deverão necessariamente ser móveis, mutantes, em devir.

Quem sabe? A reencarnação do saber
No ciberespaço, o saber não pode mais ser concebido como algo abstrato ou transcendente. Sua pretensa “frieza”, as redes digitais interativas são potentes fatores de personalização ou encarnação do conhecimento. Devemos lembrar sem cansar a inanidade do esquema de substituição. A comunicação por mensagens eletrônicas prepara viagens físicas. Alguns argumentam: certas pessoas passam horas “frente a tela”, isolando-se dos outros. Mas será que dizemos de quem lê que ele “passa horas diante do papel”? Que o texto esteja numa tela não muda nada o fundo da questão.
Nas sociedades anteriores à escrita, o saber prático, mítico e real é encarnado pela comunidade viva. O livro, único, indefinidamente interpretável, transcendente, que contém supostamente tudo: a Bíblia, o Alcorão, os textos sacros, os clássicos, Confúcio, Aristóteles, etc., o intérprete é quem domina o conhecimento.
Para Lévy, a desterritorialização da biblioteca a que estamos presenciando não seja senão o prelúdio do surgimento de um quarto tipo de relação com o conhecimento. Desta vez, ao contrário da oralidade arcaica, o carregador direto do saber não seria mais a comunidade física e sua memória carnal, mas sim o ciberespaço, a região dos mundos virtuais pelo intermédio dos quais as comunidades descobrem e constroem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes.

A simulação: um modo de conhecimento próprio da cybercultura
Os novos gêneros de conhecimento carregados pela cybercultura, a simulação ocupa um lugar central. Trata-se de uma tecnologia intelectual que decuplica a imaginação individual, a informática exterioriza parcialmente essas faculdades em suportes numéricos. Tanto no plano cognitivo quanto na organização do trabalho, as tecnologias intelectuais devem ser pensadas em temos de articulação e postas em sinergia. Com efeito, nossa memória, no longo prazo, tem a capacidade de armazenar uma grande quantidade de informações e conhecimento, enquanto no curto prazo apresenta representações mentais às quais prestamos deliberadamente nossa atenção, aqui sua capacidade é limitada. A simulação é uma ajuda para a memória de curto prazo que envolve não imagens fixas, textos ou tabelas de números, e sim dinâmicas complexas. A simulação exerce um papel crescente nas atividades de pesquisa científica, de concepção industrial, de gestão, de aprendizado, mas também para o jogo e a diversão. É um modo especial de conhecimento da cybercultura nascente. Sob o ângulo da inteligência coletiva, permite a colocação em imagens e a partilha de mundos virtuais e de universos de significado de uma grande complexidade.

Da interconexão caótica coletiva
Desterritorizado, o saber flutua. A interconexão em tempo real de todos com todos é a causa da desordem. Mas, é também a condição de possibilidade das soluções práticas para os problemas de orientação e aprendizado no universo do saber em fluxo.O ideal mobilizador da informática não é mais a inteligência artificial e sim a inteligência coletiva, ou seja, a valorização, a utilização otimizada e a colocação em sinergia das competências.As novas técnicas de comunicação favorecem o funcionamento em inteligência coletiva, dos grupos humanos, cabe repetir que elas não o determinam da maneira automática.

Mutações da educação e economia do saber
Os sistemas de educação estão sofrendo hoje novas obrigações de quantidade, diversidade e velocidade de evolução dos saberes. As universidades estão mais do que lotadas. Os dispositivos de formação profissional e contínua estão saturados. Metade da sociedade está ou gostaria de estar, na escola. Tanto no plano das infra-estruturas materiais quanto no dos custos de operação, escolas e universidades virtuais custam menos do que às presenciais.
O novo paradigma da navegação(oposto ao do “cursus”) está desenvolvendo nas práticas de coleta de informação e de aprendizado cooperativo no seio do ciberespaço. O aprendizado a distância tem sido, durante muito tempo, o “estepe” do ensino. Em breve, será a “cabeça” pesquisadora.

O aprendizado cooperativo e o novo papel dos docentes
O ponto essencial é a mudança nos processos de aprendizagem. A direção mais promissora é do aprendizado coletivo.

Rumo a uma regulação pública da economia do conhecimento
A informática oferece máquinas de ensinar. Os computadores são considerados como instrumento de comunicação, de pesquisa, d informações, de cálculo, de produção de mensagens. O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa está acompanhado e ampliando uma profunda mutação da relação com o saber.

Saber-fluxo e dissolução das separações
As desordens da economia, assim como o ritmo precipitado das evoluções científicas e técnicas, determinam uma aceleração generalizada da temporalidade social. A relação intensa com o aprendizado, com a transmissão e com a produção do conhecimento não está mais reservada para uma elite, mas diz respeito à massa das pessoas em sua vida diária e em seu trabalho. Os indivíduos são chamados a mudarem de profissão várias vezes em sua carreira e a própria noção de ofício está tornando-se cada vez mais problemática. Para uma parcela da população, o trabalho não é mais a execução repetitiva de uma tarefa prescrita, mas e uma atividade complexa. Com o uso da hipermídia, dos sistemas de simulação e das redes cooperativas de aprendizado, estão cada vez mais integrados os postos de trabalho.

O reconhecimento adquirido
É para esse novo universo do trabalho que a educação deve preparar. Como os indivíduos aprendem cada vez mais fora das fileiras acadêmicas, cabe aos sistemas de educação implantarem procedimentos de reconhecimento dos saberes e know how adquiridos na vida social e profissional. Essa validação dos saberes , todos os processos, todos os dispositivos de aprendizado, até os menos formais, poderiam ser sancionados por uma qualificação dos indivíduos. Uma vez aceito o princípio segundo o qual toda e qualquer aquisição de competência deve poder dar lugar a um explícito reconhecimento social, os problemas de gestão das competências, tanto na empresa como no nível das coletividades locais, estarão a caminho, se não de sua solução, ao menos e sua mitigação.

Novos desafios na educação: a internet na educação presencial e virtual

José Manuel Moran

Moran(2001) tem a preocupação em reunir questões humanísticas de comunicação interpessoal, de troca entre professores, docentes, alunos, com tecnologias. Mudanças tão profundas na sociedade, que elas afetam também a educação. Mudanças em todos os campos: na medicina, nas ciências, no comportamento e também na educação. Está havendo pressão pela educação contínua, pela educação a distância. Aos poucos a educação vai-se tornando uma mistura de cursos, de sala de aula física e também de intercâmbio virtual. Em alguns cursos, predominará o presencial, em outros, o virtual. Há na USP, na PUC e na UFRS, assim como em vários lugares, experiências com educação a distância. Muitas outras propostas estão surgindo.
À medida que essas tecnologias vão-se tornando mais e mais rápidas, além de escrever coisas a ler mensagens, poderemos ver os alunos, eles verão o professor, a um custo relativamente barato. Quando vale a pena irmos juntos a uma sala de aula para fazer o quê? Como é que vou dar aula para o aluno que está em casa e me vê? Como vai ser este tipo de aula? Que tipo de atividades eu vou desenvolver? Existe o conceito que nós chamamos de banda larga de transmissão em tempo real. Uma pessoa coloca uma câmera pequena, a outra coloca também uma câmera, e as pessoas se vêem, se falam. Posso dar aula em uma tela de computador ou num telão. Como a velocidade está chegando, daqui a um ou mais dois anos, nas Universidades vai estar implantada a banda larga para alguns cursos de especialização, de pós-graduação e algumas disciplinas de graduação.
Nós temos de pensar em como dar aula. É desafiador. O foco na educação a distância não será para alunos pequenos. A pré-escola vai incorporar alguns momentos em que os alunos navegarão na internet. As crianças navegarão, conversarão com outras crianças, enquanto na educação superior e contínua de adultos, a flexibilidade de propostas pedagógicas e tecnológicas será abrangente.
Educar com tecnologia
Para o autor, educar é aprender a gerenciar processos e tecnologias, tanto da informação como da comunicação. Moran questiona que tipo de processo é este em que os alunos querem apenas anotar o que o professor fala? Temos um currículo oficial onde listamos nossos cursos, tudo o que nós fizemos, há um outro currículo que se chama aprendizagem de vida. Assim, como se comunicar numa sociedade em que predomina o marketing de meias verdades? Cada vez mais, as nossas falas são superficiais. Em sua visão, o desafio é sermos educadores e comunicadores de pessoas competentes e integradas. Não precisaríamos de tantas teorias se fôssemos mais amadurecidos.
Outro desafio é integrar as tecnologias sem projetos pedagógicos, inovadores e participativos. Temos também muitas ambigüidades no uso das tecnologias.
Ensinar e aprender com a internet
a internet é uma mídia de pesquisa, cuja palavra chave é busca e também uma mídia de comunicação.ainda engatinha, mas em 10 anos será mais famosa do que a TV. Há uma expectativa exagerada, mas as tecnologias vão mudar nossa realidade. A questão principal, no entanto, não é o conhecimento e o uso dessas ferramentas e sim o desenvolvimento de processos participativos. Pode-se falar menos em sala de aula e os alunos aprenderem.a incentivar que eles pesquise, consultem bibliotecas, façam entrevistas com pessoas, e depois compartilhar resultados com colegas e divulgá-los na internet.
Utilização de recursos simples da internet
Para ensinar é preciso, é importante começar conhecendo os alunos, como eles são, o que querem e desenvolver processos de comunicação mais participativos. O professor pode criar uma página na web. A classe também pode cria a sua. O educador passa a ser um coordenador, um gerenciador.
Avaliação do ensino/aprendizagem com a internet
Os alunos e os professores desenvolvem mais a intuição, pois a avaliação é instantânea, na internet é assim. A intuição é fundamental como capacidade de organizar de maneira imediata o fragmentado. Além de permitir atualização constante.

Alguns problemas no uso da internet
Propensão à dispersão em função da curiosidade e saber separar quantidade de qualidade, além dos deslumbramentos pelas imagens e sons. Também merece destaque o consumismo dos jovens. É fundamental o professor estar antenado e aumentar a comunicação buscando o prazer de viver e aprender.

O orkut dos alunos tem muito a ensinar sobre eles

Débora Menezes

A produção textual nas páginas pessoais pode ser encarado como um dos diagnósticos sobre a aprendizagem em sala de aula
Jovens estudantes, da rede pública em São Paulo, fizeram boletins de rádio durante o Encontro Internacional áfrica-Brasil, que propôs discussões sobre igualdade radical na mídia e no sistema educativo. Esses jovens participaram de oficinas promovidas pelo NCE e parceiros, pesquisaram sobre temas correlatos e personalidades históricas como Nelson Mandela e visitaram o Museu AfroBrasil, em São Paulo. Se um evento ou uma data importante estão para acontecer, os professores podem preparar aulas com meses de antecedência sobre o tema. E sugerir atividades envolvendo os alunos na transmissão desse conhecimento adquirido: jornais, boletins de rádios e até programas de tv. O importante é incluir os alunos nas ferramentas poderosas que a tecnologia oferece. E isso vai além do uso de internet, para fazer pesquisas. Para a autora, os professores precisam aprender a criar conhecimentos junto com seus alunos.
A inclusão digital dos professores brasileiros ainda está longe da ideal, recursos, acesso e tempo para capacitação. Ela cita o exemplo da educadora Maria Lúcia, que realizou pesquisa na internet. Começou por uma pesquisa de história. A idéia era encontrar na rede informação sobre jogos antigos, pouco conhecidos. Sua principal fonte foi o site www.jogos.antigos.nom.br. Em seguida, apresentou esse primeiro levantamento aos alunos e pediu um aprofundamento. A professora trabalhava com a turma o raciocínio lógico e a geometria dos tabuleiros, seu colega de Língua Portuguesa explorava interpretação dos textos das regras.
Buscadores
Sites de busca como o Google e o Altivista são difíceis para fazer pesquisa, pois são muito disputados. A internet é aberta e, assim como tem muita coisa boa, há muita informação errada. Ela acredita que os portais temáticos são boas alternativas ao volume incalculável dos grandes sites de busca. O III Congresso Ibero-Americano Educarede, promovido pela fundação Telefônica, buscou a reflexão, direta ou indireta, sobre um tema cada vez mais forte o uso do computador dentro e fora da sala de aula. No processo de inclusão digital, muitos jovens sabem mexer em computadores, mas não têm maturidade para, sozinhos, utilizarem as máquinas como ferramenta de aprendizagem. Já o professor não deve sentir-se ansioso pelo fato de não dominar a tecnologia ou de não entrar na internet com a mesma facilidade dos alunos. Se o professor utiliza ferramentas da internet, com um Blog,ou o MSN, ganha pontos no relacionamento caso ainda não consiga dominar essa tecnologia.
Para todos
A professora Elizabeth Maria da Silva acha difícil trabalhar com a tecnologia de maneira proveitosa. Na escola o laboratório de informática tem poucos computadores e ainda falta impressora e acesso à internet. A inclusão digital ainda é uma realidade distante, não só dos professores, mas de muitos alunos. O pesquisador Claudemir Viana acompanhou, durante três anos, 30 crianças de terceira e quarta séries do Ensino Fundamental. Constatou que o espaço virtual apenas transferiu para o ambiente do computador algumas brincadeiras que antes aconteciam na vida real. Com uma vantagem, o poder de interação com os objetos virtuais é muito maior. As meninas, que no site da Barbie, exercem o poder de decisão proporcionado pelos jogos. Os meninos preferem jogos de luta. O pesquisador defende que os jogos não são prejudiciais, como acreditam muitos pais e professores. A questão, como sempre está no limite. O professor pode, mesmo sem acesso ao computador resgatar personagens e situações encontradas nos jogos, identificando os preferidos da turma e discutindo em classe inclinação por determinadas figuras virtuais. Para o educomunicador José Manuel Moran, o professor tem que participar de alguma forma do cotidiano do aluno, mesmo que não seja diretamente com o auxílio de um computador.