quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Curso profissionalizante não atrai


BRASÍLIA – A quantidade de pessoas que frequentam cursos profissionalizantes aumentou ao longo da última década, principalmente entre os jovens da classe C, mas a maioria da população brasileira ainda não tem interesse pela educação profissional. Ou seja, a oferta de novos cursos não vai levar necessariamente a uma demanda maior no País. As conclusões são da pesquisa As Razões da Educação Profissional, divulgada ontem e feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelo Senai e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O maior salto na procura dos cursos profissionalizantes se deu entre 2004 e 2007. Nesse período, o número de pessoas com dez anos ou mais que frequentavam ou já tinham frequentado cursos de educação profissional saiu de 14,5% para 23,78%. O índice chegou a 24,81% em setembro de 2010. O levantamento revelou ainda que o pico de procura por cursos profissionalizantes se dá aos 15 anos.
Atualmente, na classe C, 7,99% das pessoas entre 15 e 29 anos estão frequentando cursos de educação profissional. Nas classes A e B, são 7,13%, na D, 5,55%, e na classe E, 3,85%. O diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, acredita que o crescimento da educação profissional na classe C reflete uma mudança cultural na sociedade brasileira, que ainda tem uma forte tradição bacharelesca. “A classe C está buscando novas conexões. Ela está procurando seu próprio enredo de mobilidade social”, disse.
Entre as pessoas que não fizeram curso de educação profissional, a principal razão – em 68,8% dos casos – é a falta de interesse. O segundo motivo são os problemas relacionados à renda pessoal (14,17%). A falta de cursos disponíveis (10,47%) está apenas em terceiro lugar. Quanto maior a renda, maior o peso da falta de interesse: 82,16% nas classes A e B e 52,37% na classe E. Por outro lado, quanto menor a renda, maior o peso da falta de cursos na região: 16,43% na classe E e 2,03% nas classes A e B.
O levantamento também mostrou que 62,58% dos egressos dos cursos de educação profissional trabalham na área em que se formaram. Entre os que escolheram um caminho diferente, 31,86% encontraram melhores oportunidades em outros setores. Já para 30,7%, a razão para não seguir na área de formação é a falta de vagas no mercado de trabalho.