terça-feira, 10 de julho de 2012

Mudar para avançar



07/07/2012 02:02 

Rafael Lucchesi*

Desde que foi criado, em 1942, o Senai formou 55 milhões de trabalhadores. Pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial passaram jovens que, ao entrar na sala de aula, mal tinham dinheiro para o transporte e hoje são executivos. Pessoas que iniciaram a qualificação profissional como operários e hoje são empresários. Mas são exceções.

Há até poucos anos, o Senai direcionou sua expertise para a formação de operários bem qualificados e técnicos de nível médio especializados. O Senai precisa atender às demandas da indústria por inovação.

O setor produtivo necessita de mão de obra qualificada e de soluções tecnológicas de ponta para enfrentar um cenário cada vez mais competitivo. E a capilaridade dessa instituição, presente em quase 1.300 municípios brasileiros, indica que o avanço da instituição, que se dará por meio do lançamento de uma rede de Institutos de Inovação e de Tecnologia, vai reconfigurar o ensino profissional do País, já que o Senai é a principal referência do setor.

Os 23 Institutos Senai de Inovação formarão profissionais de nível superior alinhados às necessidades do setor produtivo. É uma nova e importante rota para a inovação no Brasil, historicamente fomentada em ambiente acadêmico e quase sempre dissociada da indústria.

O objetivo desses institutos é gerar conhecimento para áreas chave, como microeletrônica, por exemplo. O foco é para pesquisa aplicada e antecipação de tendências tecnológicas.

Essa rede de inovação vai operar de forma integrada com os 38 Institutos de Tecnologia, que, além de manter cursos de educação profissional, inclusive de nível superior, oferecerão às empresas serviços em cadeia e testes laboratoriais, muitos dos quais hoje são feitos no Exterior.

Esse é o maior investimento já feito em educação e inovação pela indústria no País. Conta com financiamento de R$ 1,5 bilhão do BNDES e R$ 400 milhões de contrapartida. Para monitorar e avaliar o projeto, foi contratado o instituto alemão Fraunhofer, que congrega 60 centros de pesquisa em todo o mundo e presta serviços para indústrias de tecnologia.

Esses dois pilares da renovação, os Institutos de Inovação e de Tecnologia, se juntarão ao reforço de novas 81 unidades móveis e 53 centros de formação profissional para que o Senai amplie sua capacidade de dar uma profissão a brasileiros que concluíram o ensino médio ou com apenas oito anos de escolaridade.
Um dos grandes desafios é incluir no mercado essa população de jovens e adultos pouco qualificados. Para isso, uma das metas do Senai é alcançar 4 milhões de matrículas em 2014 - praticamente o dobro das 2,4 milhões registradas em 2011.

O principal objetivo do Senai é formar pessoas capazes de transformar o Brasil.


*Diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial-Senai.