quarta-feira, 27 de junho de 2007

Os Novos Espaços de Atuação do Professor com as Tecnologias

José Manuel Moran

O artigo do professor José Manuel Moran apresenta três espaços de integração para uma proposta pedagógica a partir das novas tecnologias, destacando-se a internet.
Para o estudioso, os professores, em qualquer curso, devem aprender a gerenciar e integrar espaços de maneira aberta, inovadora e equilibrada.
Em sua visão, o primeiro espaço é o de uma sala de aula melhor equipada com atividades diferentes, enquanto o segundo espaço se caracteriza pelo uso do laboratório, como sala de aula, com internet. Neste espaço se desenvolveriam atividades de pesquisa, com o uso da tecnologia como ferramenta. O terceiro espaço é o da redução do número de aula, em sala, e a continuação do aprendizado a distância.
O planejamento e a flexibilização do currículo, em cada curso, são apontados pelo especialista, além das presenças física e virtual do aluno como uma integração criativa e inovadora.
Ainda de acordo com seu pensamento, os alunos estão saturados da forma tradicional em se assistir a aulas. Há uma distância entre os conteúdos de aprendizado e do cotidiano.
Em alguns casos, a tecnologia chega às escolas, às salas de aula, mas o professor permanece com a mesma metodologia de ensino. A aula continua oral e escrita. Mesmo com a inserção de mídias como o rádio, TV, cinema, com desafios de linguagens, os educadores alteravam a embalagem, mas sem mexer no conteúdo.
A sociedade é um espaço privilegiado de aprendizagem. Nunca foi tão desafiador ensinar e aprender. São muitas informações advindas de crescentes fontes, com diferentes leituras de mundo. Educar é mais complexo, porque a sociedade também o é. Nós, professores, precisamos reaprender a ensinar.
A web e outras tecnologias permitem novas possibilidades relacionadas a presença. Com a internet e as redes de comunicação, emergem novos espaços de ensino-aprendizagem. Esses espaços modificam e ampliam as práticas pedagógicas.
Novos campos na educação on-line são criados na educação a distância. A rede traz novos desafios para a sala de aula convencional.
Numa configuração anterior, o professor se restringia ao espaço da sala de aula. No mundo da tecnologia, há necessidade de se gerenciar atividades a distância, visitas técnicas, orientação a trabalhos de conclusão de curso, dentro de sua carga horária.
A sala de aula, portanto, será um ponto de partida e de chegada, combinando outros espaços para ampliar as possibilidades de atividades de aprendizagem. Uma sala de aula para uma educação de qualidade precisa de professores bem preparados, motivados, com formação pedagógica atual e boa remuneração.
As salas devem ser confortáveis, boa acústica e equipada com tecnologia: DVD, vídeo, ponto de internet, projetor multimídia. Essa infra-estrutura deve estar a serviço de mudança na postura do professor.
No aspecto metodológico, o professor precisa aprender a equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Ele precisa questionar, tensionar, provocar o nível da compreensão existente. Predomina a organização no planejamento didático quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional. Predomina a “desorganização” no planejamento didático quando o professor trabalha encima de projetos, experiências, novos olhares de terceiros como artistas e escritores.
O contato de professores e alunos com bons filmes, poesias, contos, romances, histórias, pinturas alimenta o questionamento e abre novas perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber, de sentir e de avaliar.
Quando o vídeo serve para confirmar uma teoria, uma síntese, um olhar específico com o qual estamos trabalhando, ele ilustra, amplia e exemplifica. O vídeo e outras tecnologias servem para desorganizar o conhecimento. Depende de como e quando os utilizamos. Educar é um processo dialético.
Um dia todas as salas de aula estarão conectadas às redes de comunicação instantânea. O professor poderá vai orientar os alunos a fazerem pesquisa na internet e a encontrar materiais significativos para a área do conhecimento e a ensiná-los a separar informações relevantes da sem importância. Será a capacitação, para o uso de novas tecnologias, necessária para acompanhar o curso em seus momentos virtuais. Tudo isso pressupõe que os professores foram capacitados antes para fazer este trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes virtuais de aprendizagem. Os próximos encontros presenciais já devem trazer maiores contribuições dos alunos, dos resultados e de pesquisas, de projetos, de solução de problemas, entre outras formas de avaliação. O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer pela internet que ajuda a melhora a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo.
A internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. É fundamental planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as atividades de aprendizagem conectadas a distância.

O Impacto da Automação Industrial nos Empregos na Sociedade Brasileira

Alan Paulo Oliveira

Alan Paulo Oliveira aborda a redução na oferta de empregos. Em sua avaliação, desde o início da revolução industrial o trabalho humano vem sendo substituído por máquinas, em ritmo muito mais forte do que já fora visto até então, mas apesar disso não levou a um aumento crítico do desemprego excetuando-se a crise da bolsa de Nova Iorque. A realidade do século XXI nos leva a crer, citando Rifkin (1990), que agora pela primeira vez, o humano está sendo sistematicamente eliminado do processo de produção.
Na década de 60, críticos, teóricos e ativistas dos direitos civis alarmaram a sociedade sobre suas preocupações com relação ao avanço das tecnologias de automação. Líderes empresariais, no entanto, acreditavam que essas tecnologias apenas intensificavam o crescimento econômico e as oportunidades de emprego.
Em 1992, houve um crescimento de 2,6% cerca de 500 mil empregos simplesmente desapareceram, tomados pelos avanços da tecnologia artificial e da informática.
Muitas empresas também estão aplicando técnicas de Reengenharia, reduzem níveis de gerência tradicionais e categorias de cargos, reduzindo e simplificando processos de produção e distribuição. Resulta na perda de mais de 40% e até 75% de desemprego aos funcionários.
Para Oliveira, os efeitos do avanço da tecnologia são impressionantes com relação ao aumento da produção, à facilidade de distribuição entre outros aspectos. Por outro lado, estes efeitos podem se tornar nocivos, na medida em que o poder de compra torna-se menor em detrimento do aumento do desemprego, gerando uma depressão global.

Educação e Tecnologias: mudar pra valer

José Manuel Moran

O texto, do professor José Manuel Moran, aborda a internet, as redes, o celular, a multimídia como os responsáveis pela mudança em nosso cotidiano. Resolvemos mais problemas conectados, a distância. Na visão de Moran, na educação sempre colocamos dificuldades para a mudança. A educação de milhões de pessoas não pode ser mantida na prisão, nas asfixia e na monotonia em que se encontra.
As tecnologias são apoio, permitem-nos realizar atividades de aprendizagem de formas diferentes às de outrora.
Muitos expressam seu receio de que o virtual e as atividades a distância para baixar o nível do ensino. A escola continua sendo uma referência importante. Ira até ela ajuda a definir uma situação oficial de aprendiz, a conhecer outros colegas, a conviver.
O conviver virtual vai tornar-se quase tão importante como o conviver presencial. A escola precisa de uma sacudida. Isso se consegue com uma gestão administrativa e pedagógica mais flexível
Corredores e salas de aula das universidades são estruturas deprimentes: salas barulhentas, a voz do professor mal chega aos que estão mais distantes.
Apavoramo-nos diante da mudança, do risco do fracasso. O fracasso não está bem na nossa frente? Quantos alunos iriam a nossas aulas se não fossem obrigados? Há maior fracasso do que este?
A escola pode não ser um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Não precisamos romper com tudo. Manter o currículo e as normas, tal como estão, na prática é insustentável. As secretarias de educação precisam ser mais proativas. Professores, alunos e administrativos podem avançar muito mais em organizar currículos mais flexíveis. A rotina, a repetição, a previsibilidade são armas letais à aprendizagem.
São muitos os recursos a nossa disposição para aprender e para ensinar. A internet trazendo possibilidades inimagináveis vinte anos atrás. Está mais do que na hora de evoluir, modificar nossas propostas, aprender fazendo.

O Fim das Vagas

(Revista Você S.A)

Publicada na revista VOCÊ S.A, em outubro, uma entrevista com um dos pensadores que mais influenciam a política nos EUA, Jeremy Rifkins, relata o desemprego no mundo. Na década de 90, Rifkins escreveu o, entre outros 17 livros, best seller “O fim dos empregos”. Naquele período, o economista fez um cálculo de 800 milhões de desempregados, mas na virada do século a conta subiu pra 1 bilhão de pessoas.
Ele defende também uma semana de trabalho mais curta visando a contratação de mais trabalhadores, mesmo os empregados continuando a receber pela jornada de 40 horas semanais. As empresas, no entanto, teriam o benefício de mais redução na carga de impostos.