Mapa do Trabalho Industrial, elaborado
pelo SENAI, mostra profissões em alta nos próximos três anos. Do total da
necessidade, 1,1 milhão será por trabalhadores para novas vagas
O
Brasil terá de formar 7,2 milhões de trabalhadores em nível técnico e em áreas
de média qualificação para atuarem em profissões industriais até 2015. Essa
necessidade produzirá oportunidades em 177 ocupações, que vão desde
trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) e padeiros
até supervisores de produção de indústrias químicas e petroquímicas.
Os
dados fazem parte do Mapa do Trabalho
Industrial 2012, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) para subsidiar o planejamento da oferta de formação profissional da
instituição. A pesquisa inédita também pode apoiar os jovens brasileiros na
escolha da profissão e, com isso, aumentar suas chances de ingresso no mercado
de trabalho.
Do
total da demanda, 1,1 milhão será por trabalhadores para ingressarem em novas
oportunidades no mercado. O restante já está trabalhando e precisa manter-se
qualificado para acompanhar os avanços tecnológicos da indústria. “Apenas 6,6%
dos brasileiros entre 15 e 19 anos estão em cursos de educação profissional. Na
Alemanha, esse índice é de 53%.
Nossos jovens precisam ver a formação
profissional como uma excelente oportunidade para o mercado de trabalho”,
afirma o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi.
O
Mapa do Trabalho Industrial foi apresentado
durante o lançamento da Olimpíada do
Conhecimento, nesta quinta-feira, 20 de setembro, em São Paulo. A
Olimpíada coloca em disputa os melhores alunos das escolas SENAI de todo o país
como forma de avaliar a qualidade de cursos profissionalizantes para mais de 50
ocupações. Os profissionais preparados nessas escolas atenderão à demanda da
indústria apontada no estudo.
MAIS OPORTUNIDADES NO SETOR DE ALIMENTOS – Entre as ocupações que necessitam de cursos profissionalizantes
com mais de 200 horas, a maior demanda está no setor de alimentos. Conforme o
Mapa, serão necessários 174,6 mil trabalhadores para a indústria de alimentos
(cozinheiros industriais) entre 2012 e 2015 em todo o Brasil. No mesmo período,
o país precisará de 88,6 mil operadores de máquinas para costura de peças do
vestuário e 81,7 mil preparadores e
operadores de máquinas pesadas para a construção civil.
Já
entre as ocupações técnicas de nível técnico, o técnico de controle da produção
lidera o ranking com demanda de
88.766 profissionais. Atrás, vem a de técnicos em eletrônica com 39.919 e a de
técnicos de eletricidade e eletrotécnica, com 27.972. (Veja quadros)
As ocupações em áreas de média qualificação
com maior demanda
Ocupações
|
Demanda acumulada
2012-2015
|
Trabalhadores da indústria de
alimentos (cozinheiros industriais) (setor de alimentos)
|
174.586
|
Operadores de máquinas para costura
de peças do vestuário
|
88.600
|
Preparadores e operadores
de máquinas pesadas para a construção civil
|
81.817
|
Mecânicos de manutenção
de máquinas industriais
|
63.427
|
Mecânicos de manutenção
de veículos automotores
|
62.866
|
Fonte: Mapa do Trabalho Industrial 2012
As ocupações em áreas técnicas com
maior demanda
Ocupações
|
Demanda acumulada
2012-2015
|
Técnicos de
controle de produção
|
88.766
|
Técnicos em
eletrônica
|
39.919
|
Técnicos em
eletricidade e eletrotécnica
|
27.972
|
Técnicos de
desenvolvimento de sistemas e aplicações
|
25.204
|
Técnicos em
operação e monitoração de computadores
|
21.677
|
Fonte: Mapa do Trabalho Industrial 2012
A
análise da demanda mostra ainda que os profissionais das ocupações operacionais
precisam ser polivalentes, com capacidade para desempenhar várias funções. Vem
aumentando também a importância de características como visão sistêmica do
fluxo produtivo e capacidade de gerenciamento.
Apesar
de não figurarem no topo da lista da demanda, algumas profissões têm ganhado
espaço no mercado de trabalho industrial. Entre elas estão agentes de meio
ambiente, pela utilização de tecnologias mais limpas e preocupação com a
conservação dos recursos naturais, e os trabalhadores do campo da logística,
desde os operadores até os técnicos.
ONDE ESTÃO AS VAGAS – A maior necessidade por profissionais capacitados
nesses dois grupos se concentra nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nos
estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.
Distribuição regional
Região
|
Demanda por
capacitação
|
Demanda por
capacitação (%)
|
Sudeste
|
4,13 milhões
|
57,6%
|
Sul
|
1,50 milhão
|
20,9%
|
Nordeste
|
854,50 mil
|
11,9%
|
Centro-Oeste
|
383,50 mil
|
5,5%
|
Norte
|
294,80 mil
|
4,1%
|
Fonte: Mapa do Trabalho Industrial
2012
A
pesquisa também identifica as principais demandas por profissionais
qualificados em todos os estados. No grupo de ocupações que requerem mais de
200 horas de qualificação, a de cozinheiro industrial lidera em 25 unidades da
federação. Já entre as profissões de nível técnico, a necessidade maior será
por técnicos de controle da produção, técnicos em eletrônica e técnicos em
eletricidade e eletrotécnica.
AUMENTA A PROCURA POR TRABALHADOR
QUALIFICADO – A demanda por
profissionais de nível técnico para os próximos três anos é 24% maior que a
registrada para o período 2008-2011, quando a necessidade de profissionais
ficou em 5,8 milhões.
Na
opinião do diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, conhecer essa necessidade
por estado, por setor, por tipo de ocupação é crucial para o planejamento da
formação profissional. “Um país que ainda investe pouco em educação, como o
Brasil, deve lançar um olhar à frente para dimensionar e direcionar a aplicação
dos recursos sejam públicos ou privados”, avalia.
A
boa notícia é que o Brasil tem capacidade para preparar os trabalhadores e,
assim, transformar essa demanda em oportunidade de emprego para pessoas
devidamente qualificadas. O SENAI oferece, a cada ano, 2,5 milhões de vagas. A
maioria delas é para cursos de aprendizagem industrial, aperfeiçoamento
profissional, qualificação profissional e cursos técnicos de nível médio.
Do
ponto de vista dos trabalhadores, a qualificação profissional possibilita
melhores chances de colocação no mercado e salários. Pesquisa realizada pelo
SENAI em 2011 mostrou que 80% dos formados nos cursos técnicos da instituição
em 2010 estavam trabalhando em 2011 e recebiam, em média, 2,47 salários
mínimos, o equivalente, na época, a R$ 1.346,15 ao mês.
Os
técnicos também foram muito bem avaliados por seus supervisores nas empresas.
Em uma escala de zero a dez, receberam 8,4 no quesito competências básicas e
8,3 em competências específicas e de gestão.
Metodologia do Mapa do Trabalho Industrial
O
SENAI, a partir de cenários que estimam o comportamento/crescimento da economia
brasileira e dos seus setores, projeta o impacto sobre o mercado de trabalho e
estima a demanda por formação profissional industrial (novos empregos e
formação continuada).
O método utilizado é o Insumo-Produto de
Liontief que considera o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da
economia e seu efeito multiplicador sobre o volume de emprego. A metodologia foi desenvolvida com a
colaboração das melhores universidades do país, como a Universidade São Paulo
(USP), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
As
projeções e estimativas são desagregadas no campo geográfico, setorial e
ocupacional, e servem como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do
SENAI.
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