terça-feira, 25 de setembro de 2012

Indústria precisará de 7,2 milhões de técnicos até 2015



Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pelo SENAI, mostra profissões em alta nos próximos três anos. Do total da necessidade, 1,1 milhão será por trabalhadores para novas vagas

O Brasil terá de formar 7,2 milhões de trabalhadores em nível técnico e em áreas de média qualificação para atuarem em profissões industriais até 2015. Essa necessidade produzirá oportunidades em 177 ocupações, que vão desde trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) e padeiros até supervisores de produção de indústrias químicas e petroquímicas.

Os dados fazem parte do Mapa do Trabalho Industrial 2012, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para subsidiar o planejamento da oferta de formação profissional da instituição. A pesquisa inédita também pode apoiar os jovens brasileiros na escolha da profissão e, com isso, aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho.

Do total da demanda, 1,1 milhão será por trabalhadores para ingressarem em novas oportunidades no mercado. O restante já está trabalhando e precisa manter-se qualificado para acompanhar os avanços tecnológicos da indústria. “Apenas 6,6% dos brasileiros entre 15 e 19 anos estão em cursos de educação profissional. Na Alemanha, esse índice é de 53%. 

Nossos jovens precisam ver a formação profissional como uma excelente oportunidade para o mercado de trabalho”, afirma o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi.

O Mapa do Trabalho Industrial  foi  apresentado durante o lançamento da Olimpíada do Conhecimento, nesta quinta-feira, 20 de setembro, em São Paulo. A Olimpíada coloca em disputa os melhores alunos das escolas SENAI de todo o país como forma de avaliar a qualidade de cursos profissionalizantes para mais de 50 ocupações. Os profissionais preparados nessas escolas atenderão à demanda da indústria apontada no estudo. 

MAIS OPORTUNIDADES NO SETOR DE ALIMENTOS – Entre as ocupações que necessitam de cursos profissionalizantes com mais de 200 horas, a maior demanda está no setor de alimentos. Conforme o Mapa, serão necessários 174,6 mil trabalhadores para a indústria de alimentos (cozinheiros industriais) entre 2012 e 2015 em todo o Brasil. No mesmo período, o país precisará de 88,6 mil operadores de máquinas para costura de peças do vestuário e  81,7 mil preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção civil.

Já entre as ocupações técnicas de nível técnico, o técnico de controle da produção lidera o ranking com demanda de 88.766 profissionais. Atrás, vem a de técnicos em eletrônica com 39.919 e a de técnicos de eletricidade e eletrotécnica, com 27.972. (Veja quadros)

As ocupações em áreas de média qualificação com maior demanda
Ocupações
Demanda acumulada
2012-2015
Trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) (setor de alimentos)
174.586
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário
88.600
Preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção civil
81.817
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais
63.427
Mecânicos de manutenção de veículos automotores
62.866
                         Fonte: Mapa do Trabalho Industrial 2012

As ocupações em áreas técnicas com maior demanda
Ocupações
Demanda acumulada
2012-2015
Técnicos de controle de produção
88.766
Técnicos em eletrônica
39.919
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica
27.972
Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações
25.204
Técnicos em operação e monitoração de computadores
21.677
                                    Fonte: Mapa do Trabalho Industrial 2012

A análise da demanda mostra ainda que os profissionais das ocupações operacionais precisam ser polivalentes, com capacidade para desempenhar várias funções. Vem aumentando também a importância de características como visão sistêmica do fluxo produtivo e capacidade de gerenciamento.

Apesar de não figurarem no topo da lista da demanda, algumas profissões têm ganhado espaço no mercado de trabalho industrial. Entre elas estão agentes de meio ambiente, pela utilização de tecnologias mais limpas e preocupação com a conservação dos recursos naturais, e os trabalhadores do campo da logística, desde os operadores até os técnicos.

ONDE ESTÃO AS VAGAS – A maior necessidade por profissionais capacitados nesses dois grupos se concentra nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

Distribuição regional

Região
Demanda por capacitação
Demanda por capacitação (%)
Sudeste
4,13 milhões
57,6%
Sul
1,50 milhão
20,9%
Nordeste
854,50 mil
11,9%
Centro-Oeste
383,50 mil
5,5%
Norte
294,80 mil
4,1%
          Fonte: Mapa do Trabalho Industrial 2012

A pesquisa também identifica as principais demandas por profissionais qualificados em todos os estados. No grupo de ocupações que requerem mais de 200 horas de qualificação, a de cozinheiro industrial lidera em 25 unidades da federação. Já entre as profissões de nível técnico, a necessidade maior será por técnicos de controle da produção, técnicos em eletrônica e técnicos em eletricidade e eletrotécnica.

AUMENTA A PROCURA POR TRABALHADOR QUALIFICADO – A demanda por profissionais de nível técnico para os próximos três anos é 24% maior que a registrada para o período 2008-2011, quando a necessidade de profissionais ficou em 5,8 milhões.
Na opinião do diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, conhecer essa necessidade por estado, por setor, por tipo de ocupação é crucial para o planejamento da formação profissional. “Um país que ainda investe pouco em educação, como o Brasil, deve lançar um olhar à frente para dimensionar e direcionar a aplicação dos recursos sejam públicos ou privados”, avalia.

A boa notícia é que o Brasil tem capacidade para preparar os trabalhadores e, assim, transformar essa demanda em oportunidade de emprego para pessoas devidamente qualificadas. O SENAI oferece, a cada ano, 2,5 milhões de vagas. A maioria delas é para cursos de aprendizagem industrial, aperfeiçoamento profissional, qualificação profissional e cursos técnicos de nível médio.

Do ponto de vista dos trabalhadores, a qualificação profissional possibilita melhores chances de colocação no mercado e salários. Pesquisa realizada pelo SENAI em 2011 mostrou que 80% dos formados nos cursos técnicos da instituição em 2010 estavam trabalhando em 2011 e recebiam, em média, 2,47 salários mínimos, o equivalente, na época, a R$ 1.346,15 ao mês.

Os técnicos também foram muito bem avaliados por seus supervisores nas empresas. Em uma escala de zero a dez, receberam 8,4 no quesito competências básicas e 8,3 em competências específicas e de gestão.

Metodologia do Mapa do Trabalho Industrial

O SENAI, a partir de cenários que estimam o comportamento/crescimento da economia brasileira e dos seus setores, projeta o impacto sobre o mercado de trabalho e estima a demanda por formação profissional industrial (novos empregos e formação continuada).

O método utilizado é o Insumo-Produto de Liontief que considera o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da economia e seu efeito multiplicador sobre o volume de emprego.  A metodologia foi desenvolvida com a colaboração das melhores universidades do país, como a Universidade São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As projeções e estimativas são desagregadas no campo geográfico, setorial e ocupacional, e servem como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do SENAI.

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