sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Qualidade na Educação



Sérgio Gaudêncio Portela de Melo

A questão central que nos vem à mente quando discutimos sobre a qualidade na educação é como avaliar e como determinar que uma educação tenha qualidade.
Se buscarmos a definição de qualidade nos dicionários, encontraremos que qualidade é “a propriedade positiva de um objeto ou ser; virtude; dom”.
Não se define a qualidade sem a prova. O bom ou o mau sabor só pode ser percebido após a primeira degustação ou a primeira mordida. A prova é a avaliação. É o resultado. Se ele é bom ou tem qualidade, o processo foi satisfatório. Caso contrário, o processo carece de revisão. Sempre, portanto, o processo deve ser permanente e constantemente monitorado. Especificamente, a Educação é um processo e não um produto. É um processo contínuo e inexaurível. O resultado de seu sucesso ou insucesso não tem padrões nem rótulos.
Como avaliar, pois, a educação?
Os sistemas governamentais de avaliação da educação (SAEB, ENEM, ENAD) avaliam a instituição formadora (sua estrutura física, biblioteca, matriz curricular, Projeto Político Pedagógico, corpo docente, etc.) e o estudante. Questiono o que, verdadeiramente, é avaliado: a educação ou o ensino?.
Pelos dicionários também encontramos que educação é “a formação e desenvolvimento da capacidade física, moral e intelectual do ser humano, visando à integração social.”
Por sua vez, ensino é definido como “ação, resultado ou processo de ensinar, de transmitir conhecimento através de um conjunto de métodos e técnicas”.
Segundo Riley (2006, p. 33), “apesar de a qualidade em educação ter se tornado aparentemente um objetivo nacional, as definições são elusivas ou talvez até ilusórias”. E menciona um grande relatório da OECD (Organization for Economic Co-operation na Development) sobre as escolas e a qualidade que “não concordou em dar apenas uma definição de qualidade em educação e sugeriu que precisamos é de uma compreensão mais clara de como o contexto – currículo, organização escolar, recursos e instalações, avaliação de alunos, professores e sistemas – pode contribuir para a qualidade (OECD, 1989).”.
De fato, o pensamento e o relatório expõem a verdadeira análise que deve ser feita acerca da qualidade da educação. Assim como a família, o ambiente e a sociedade, a escola é mais um fator de contribuição para a busca dessa qualidade.
O processo, como já falado, é contínuo. A educação permeia todo o tempo e todo o espaço da formação do ser humano. Entendo, também, que um cidadão, isoladamente posto no contexto, não pode reproduzir um modelo ou uma constatação de qualidade, pois representa apenas um astro no imenso e complexo universo.
A educação não abrange apenas conhecimento, mas transita nas idéias, nas atitudes, nos gestos, no respeito e na dignidade.
Todos se recordam do trágico terremoto, seguido de tsunami, ocorrido no Japão em março de 2011. Por mais chocante que possa ter sido a tragédia natural, as imagens de destruição naquele episódio dividem com as cenas de civilidade, respeito e dignidade do povo Japonês ao se deparar com a fome, com a morte e a com o abandono, as lembranças de todo o planeta. Um exemplo de sociedade! Um exemplo de educação!
O que ali foi mostrado ao mundo pode se constituir num exemplo clássico e prático do que seria a qualidade na educação de uma sociedade, de um país e de um povo?
Kant afirmava que “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.”.
Decerto tinha razão, mas o homem não deve ser apenas o sujeito passivo. Poderíamos dizer, ao mesmo tempo, que “A educação não é nada além daquilo que o homem faz dela”. Ambos são atores e público; crias e criadores.
Não são as matrizes curriculares, as estruturas físicas, os professores nem as notas dos alunos que determinam a qualidade na educação. Apesar de se constituírem em importantes insumos para a sua construção, apenas contribuem.
Enfim, não há como definir os ingredientes necessários para avaliarmos a qualidade na educação, mas, certamente, podemos considerar que ainda nos falta muito para convivermos com ela.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Pleno emprego distante

Diário de Pernambuco
ROSA FALCÃO
rosafalcao.pe@dabr.com.br
Recife, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Estudo do Ipea admite melhora no mercado de trabalho, mas aponta que situação ainda está longe do ideal

O Brasil está distante do pleno emprego. É o que indica estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a evolução do mercado de trabalho no país. A pesquisa confirma o recuo das taxas de desemprego nos últimos quatro anos, o aumento da ocupação e a recuperação do valor do salário mínimo. Por outro lado, aponta fatores negativos como a alta informalidade das contratações, os empregos precários e os baixos salários, o que desmonta, em tese, a situação de pleno emprego defendida por alguns economistas. O documento do Ipea reconhece que o crescimento econômico tem levado a criação de novos postos formais de trabalho e a recuperação da renda das famílias. “Houve melhora no mercado de trabalho ao longo dos anos, mas o pleno emprego é uma situação onde todos teriam uma colocação, com remuneração que o empregado considere justa para o seu trabalho”, explica a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Maria Andreia Lameira Parente. O estudo cita dados do Cadastro Geral de Empregos do Ministério do Trabalho e Emprego que mostram que 80% dos postos formais são remunerados em até dois salários mínimos (R$ 1.244), valor considerado baixo pela técnica do Ipea. Mesmo assim, ela ressalta que o salário mínimo vem crescendo e de forma real, o que melhora o rendimento das famílias, aumenta o consumo e sustenta o crescimento. Outro dado da pesquisa revela que os novos postos de trabalho se concentram na construção civil e serviços. “A indústria vive um momento mais delicado. Tem patinado diante da concorrência”, diz Maria Andreia. O emprego doméstico representa 7% das ocupações nas áreas metropolitanas (dados da PME/ IBGE), o que reforça os índices informalidade e de subocupações com baixos salários.
 No estudo, os pesquisadores questionam a ausência de um índice nacional para medir o desemprego. Tanto a PME/IBGE e a PED/Dieese são retrato das regiões metropolitanas. Como o país tem um mercado de trabalho com diferenças regionais, a taxa média de desemprego varia de 5% das áreas metropolitanas a 10% em outras localidades. “Não temos um número fechado sobre o desemprego no Brasil, e por isso não temos instrumentos para medir o pleno emprego. Estamos num momento bom do mercado de trabalho, mas temos muito o que avançar”. O economista e presidente da consultoria Datamétrica, Alexandre Rands, diverge do estudo do Ipea. Para ele, existem evidências na economia que sinalizam para a situação de taxa natural de emprego ou pleno emprego. Segundo Rands, um dos indicativos é que qualquer redução da taxa de desemprego rebate na elevação da inflação. Ele diz que nos países com economia desenvolvida taxas de desemprego entre 3,5% e 4% caracterizam o pleno emprego.
Fonte : Dieese. Imagem: SILVINO/DP



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Secretaria de Trabalho convoca para o Projeto Qualipetro

O Governo do Estado, através da Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE) e Refinaria Abreu e Lima, divulgou na última sexta-feira (10), a oferta de vagas complementares para o Curso de Formação de Instrutores, destinada às ações do Projeto Qualipetro. O Projeto visa promover a ampliação dos processos de qualificação profissional nas áreas de interesse da cadeia produtiva e industrial de Petróleo e Gás.

Ao todo serão ofertadas 146 vagas, sendo oito para formadores e 138 para cursistas, destinada a profissionais e estudantes das áreas de construção civil, metalmecânica e elétrica.

As inscrições seguem até o dia 27 de fevereiro e devem ser feitas no site www.fadurpe.com.br/qualipetro2011. As aulas começam no mês de março e serão realizadas no Senai, IFPE e escolas públicas do Estado, através da Secretaria de Educação de Pernambuco.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Curso profissionalizante não atrai


BRASÍLIA – A quantidade de pessoas que frequentam cursos profissionalizantes aumentou ao longo da última década, principalmente entre os jovens da classe C, mas a maioria da população brasileira ainda não tem interesse pela educação profissional. Ou seja, a oferta de novos cursos não vai levar necessariamente a uma demanda maior no País. As conclusões são da pesquisa As Razões da Educação Profissional, divulgada ontem e feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelo Senai e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O maior salto na procura dos cursos profissionalizantes se deu entre 2004 e 2007. Nesse período, o número de pessoas com dez anos ou mais que frequentavam ou já tinham frequentado cursos de educação profissional saiu de 14,5% para 23,78%. O índice chegou a 24,81% em setembro de 2010. O levantamento revelou ainda que o pico de procura por cursos profissionalizantes se dá aos 15 anos.
Atualmente, na classe C, 7,99% das pessoas entre 15 e 29 anos estão frequentando cursos de educação profissional. Nas classes A e B, são 7,13%, na D, 5,55%, e na classe E, 3,85%. O diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, acredita que o crescimento da educação profissional na classe C reflete uma mudança cultural na sociedade brasileira, que ainda tem uma forte tradição bacharelesca. “A classe C está buscando novas conexões. Ela está procurando seu próprio enredo de mobilidade social”, disse.
Entre as pessoas que não fizeram curso de educação profissional, a principal razão – em 68,8% dos casos – é a falta de interesse. O segundo motivo são os problemas relacionados à renda pessoal (14,17%). A falta de cursos disponíveis (10,47%) está apenas em terceiro lugar. Quanto maior a renda, maior o peso da falta de interesse: 82,16% nas classes A e B e 52,37% na classe E. Por outro lado, quanto menor a renda, maior o peso da falta de cursos na região: 16,43% na classe E e 2,03% nas classes A e B.
O levantamento também mostrou que 62,58% dos egressos dos cursos de educação profissional trabalham na área em que se formaram. Entre os que escolheram um caminho diferente, 31,86% encontraram melhores oportunidades em outros setores. Já para 30,7%, a razão para não seguir na área de formação é a falta de vagas no mercado de trabalho.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Estão sobrando vagas (gratuitas) para cursos técnicos?

Enviado por Ancelmo Gois - 07.02.2012 - 13:00 h

Pesquisa de Marcelo Neri, da FGV, com o Senai mostra que 69% dos brasileiros sem educação profissional não estão nesta condição por falta de cursos, mas por desinteresse.
Dos que começaram um curso e largaram, 55% também alegaram perda de interesse.

Sérgio Gaudêncio Portela de Melo

A pesquisa apresentada acima pode parecer absurda, mas é a pura e a dura realidade!

Muito se comenta hoje sobre o "Apagão de Mão-de-Obra" no Brasil decorrente da falta de oportunidades e de vagas para a formação e qualificação profissional. Ledo engano!!! Os exemplos e experiências com o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego) - Programa do Governo Federal para a oferta não só gratuita, mas com ajuda de custo para os alunos provenientes de escolas públicas e para os beneficiários do Bolsa Família e do Seguro Desemprego - vêm confirmando a afirmação de que não existe interesse, pelo menos em boa parcela dos jovens brasileiros, na formação e qualificação profissional. As vagas oferecidas não conseguem ser preenchidas. Estão sobrando!! E há muita dificuldade em ocupá-las.

Penso em duas explicações para o lamentável fenômeno: a acomodação ou a falta de confiança em si próprio. Cidadãos que não querem encarar novos desafios, novas aprendizagens e novos empregos em detrimento do seu status quo, por insegurança ou por preguiça.

O trem está passando carregado de perspectivas e esperanças!. Pena que muita gente ainda não acordou para essa nova e, talvez, rara oportunidade.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Triste história de um Professor


Porto Alegre (RS), 16 de julho de 2011

Caro Juremir (CORREIO DO POVO/POA/RS)

Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre , onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio. Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e, talvez, “pela entrada do inverno”, resolveu também ir á aula uma daquelas “alunas-turista” que aparecem vez por outra para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos. Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos.

Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula. Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender' e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria mais com ela.

Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola.

Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!... Isso mesmo!... tive que comparecer no dia 13/07/11, na 8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores'. A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo!... Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil.

Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço, encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é perpetrada contra os professores neste país''.

Triste história de um Professor 2

Fica cristalina a visão de que, neste país:

Ø NÃO PRECISAMOS DE PROFESSORES

Ø NÃO PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO

Ø AFINAL, PARA QUE SER UM PAÍS DE 1° MUNDO SE ESTÁ BOM ASSIM

Alguns exemplos atuais:

· Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês. Homenageado pela “Academia Brasileira de Letras"...

· Tiririca: R$ 36.000,00 por mês. Membro da “Comissão de Educação e Cultura do Congresso"...

TRADUZINDO: SÓ O SALÁRIO DO PALHAÇO, PAGA 30 PROFESSORES. PARA AQUELES QUE ACHAM QUE EDUCAÇÃO NÃO É IMPORTANTE:CONTRATE O TIRIRICA PARA DAR AULAS PARA SEU FILHO.

Um funcionário da empresa Sadia (nada contra) ganha hoje o mesmo salário de um “ACT” ou um professor iniciante, levando em consideração que, para trabalhar na empresa você precisa ter só o fundamental, ou seja, de que adianta estudar, fazer pós e mestrado? Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00… Moral da história: Os professores ganham pouco, porque “só servem para nos ensinar coisas inúteis” como: ler, escrever, pensar,formar cidadãos produtivos, etc., etc., etc....

SUGESTÃO: Mudar a grade curricular das escolas, que passariam a ter as seguintes matérias:

Ø Educação Física: Futebol;

Ø Música: Sertaneja, Pagode, Axé;

Ø História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira; Biografia dos Heróis do Big Brother; Evolução do Pensamento

das "Celebridades"

Ø História da Arte: De Carla Perez a Faustão;

Ø Matemática: Multiplicação fraudulenta do dinheiro de campanha;

Ø Cálculo: Percentual de Comissões e Propinas;

Ø Português e Literatura: ?... Para quê ?...

Ø Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.

Está bom assim? ... eu quero mais!...

ESSE É O NOSSO BRASIL ...

Vejam o absurdo dos salários no Rio de Janeiro (o que não é diferente do resto do Brasil)

Ø BOPE - R$ 2.260,00....................... para ........ Arriscar a vida;

Ø Bombeiro - R$ 960,00.....................para ........ Salvar vidas;

Ø Professor - R$ 728,00.....................para ........ Preparar para a vida;

Ø Médico - R$ 1.260,00......................para ........ Manter a vida;